Luiz Cláudio Oliveira 3 MIN PARA LER

Quando nos referimos a sindicato, ouvimos falas das mais variadas: “o sindicato não faz nada”, “diretor de sindicato só quer se livrar do trabalho”, “para quê sindicato?”, “diretor só quer passear com dinheiro do sindicato”, entre outras coisas. Quando o questionamento vem da população o erro está no sindicato que não informa. Quando vem dos filiados e filiadas, o erro está também no sindicato, que não forma.

Estamos há anos com uma campanha institucional que faz ataques constantes aos servidores públicos, através dos maiores meios de comunicação. Qual interesse nisso?, perguntávamos. Chegou ao ápice, a PEC 32. A PEC que não apenas irá enriquecer esses grupos que veem no serviço público uma forma de ganhar rios de dinheiro, com a terceirização, mas também, e o pior ainda, acabará com o acesso gratuito da população aos serviços que já são difíceis, com longas filas para consultas, exames e cirurgias. Mas que também são referência mundial em excelência e rede de atendimentos. O SUS possibilitou que milhões de pessoas fossem assistidas gratuitamente durante a pior crise médica que até hoje vivenciamos. O serviço público precisa ser melhorado e não destruído.

Essa campanha conta com a ajuda dos diversos políticos, desde vereadores a presidente, pois vão engordar os seus próprios cofres com a venda de fatias do serviço público, o que irá precarizar mais ainda o atendimento da população que mais necessita. E porque a população é a favor disso? Porque o sindicato é o culpado por isso, já que não informa. Aceita tudo calado, sem fazer o contraponto, sem explicar onde estão os supersalários, onde está o gargalo da prestação de serviços, quanto tempo os servidores e servidoras públicas estão sem reajustes salariais, quanto deveria valer o salário mínimo, porque o transporte público é tão ruim, porque a gasolina é mais cara no Brasil do que em outros países, inclusive vizinhos, porque o preço do gás de cozinha está nas alturas. Os sindicatos precisam avançar na mentalidade, nas ações, precisam se reinventar. Precisamos estar mais perto dos mais vulneráveis, interceder por quem não tem sindicato, pelos pobres, pelas pessoas em situação de rua. Precisamos não apenas dar cestas básicas, mas fazer uma coalizão em nível nacional para forçar os poderes públicos a olharem para essa parcela tão necessitada de tudo. Por isso eles não se juntam a nós, porque não sabem seus direitos, porque precisam, antes disso, de atenção e o mínimo necessário para viver. Precisamos informá-los, mas também ajudá-los.

E nossos colegas? Muitas vezes temos a crítica pela crítica. Mas temos a crítica pelo desconhecimento, pela desinformação. Ora, em um mundo que vive conectado globalmente, onde a informação demora segundos para chegar, falta que formemos colegas para que estes sejam futuros diretores. Eles precisam saber exatamente o que o sindicato faz, onde atua, suas dificuldades, o dia a dia de um diretor, o conflito entre a informação e a estratégia, as negociações e embates. A formação é um dos maiores bens que o sindicato pode passar para seus filiados. É através desta que teremos cada vez mais filiados preparados para a luta, para exigir e colaborar. Precisamos mudar. O mundo muda. A sociedade muda. Nós mudamos. E os sindicatos, quando irão se conectar na mesma velocidade dessas mudanças?

Luiz Cláudio da Silva Oliveira é coordenador Administrativo Financeiro do SINTAJ